sábado, 24 de abril de 2010

CARACTERÍSTICAS DE HITCHCOCK, PARTE 1



Hitchcock e suas características

A repórter da Engel Cinema, Ana Lúcia de Paulo Superchinski, participou de uma palestra sobre Hitchcock com o cineasta Alysson Muritiba, realizada no dia 16/04/10, na Livrarias Curitiba do Shopping Estação. A partir de hoje, diariamente, estaremos postando aqui características de Alfred que foram passadas na palestra e que Ana Lúcia em um trabalho minucioso, trouxe para a Engel Cinema. Espero que gostem, conheçam, Alfred Hitchcock e parabéns a Ana Lucia por esse importante trabalho.


OS 2 PERSONAGENS PRINCIPAIS

-Em todos os filmes do Hitchcock há dois personagens principais, que não são os grandes atores e atrizes cuja carreira acompanhamos ao longo do tempo e que se confunde com a história do cinema, mas sim a câmera e o espectador. “A câmera em Hitchcock está extremamente presente, e o filme só se completa, só tem o impacto que tem, porque nós espectadores somos levados em conta o tempo todo”. Em entrevista a François Truffaut, ele disse que realmente não tinha o menor sentido fazer um filme, que é algo extremamente complicado, gastando milhares de dólares nisso, se não fosse para levar o espectador em conta, isto é, quem está pagando o ingresso. No entanto, Hitchcock não tratava o espectador de maneira vulgar, gratuita, como faz o cinema comercial. Os filmes eram feitos em várias camadas, ou tramas, por isso eles agradavam a tanta gente, tanto à crítica como ao público, pois quem buscava entretenimento encontrava, quem buscava as substâncias mais quentes, reflexões, e Hitchcock fez muitas reflexões nos filmes dele, tanto sobre coisas da sua época como sobre o próprio livro do qual ele tirava o filme, encontrava. Talvez esta geração mais jovem, que esteja acostumada com os videoclipes da MTV, a “geração MTV”, se sinta enfastiada de ver os filmes de Hitchcock, que não têm nenhum efeito especial, não são tão ágeis quanto a MTV. Mas são filmes que conseguem prender. Nós conseguimos se lembrar e se entusiasmar com a história de um filme como “Psicose”, enquanto que os críticos de hoje ainda conseguem extrair as reflexões desse filme, acerca da sexualidade, da relação edipiana entre mãe e filho, todos os psicologismos estão aí. Nós podemos ver “Janela Indiscreta” simplesmente como a história de um solteirão que não quer se casar e não tem nada melhor para fazer do que ficar espiando a vida do outro, mas também podemos vê-lo como a maior e mais bela reflexão jamais produzida sobre o próprio cinema. Hitchcock se firmou como um grande cineasta por não tratar o público de maneira vulgar, mas sim levando em conta o espectador médio, o espectador acima da média e o espectador abaixo da média.


AS APARIÇÕES DE HITCHCOCK

-As aparições do diretor no filme, uma marca registrada, acontecem desde o terceiro filme inglês dele, “Inquilino Sinistro” (“The Lodger”, no original), geralmente no começo, quando a história e os personagens estão sendo apresentados, quando ainda não há tanto envolvimento do público com o filme, e não existe tanta atenção também. Imaginem se, numa cena de assassinato, de repente aparecesse o Hitchcock? Ia desviar completamente a atenção do assassinato. Então, ele passou a aparecer nos primeiros quinze, vinte minutos do filme, e são sempre aparições rápidas, que acabou contribuindo um pouco para a publicidade dele. Mas isso é mais uma curiosidade do que uma característica do seu cinema.


AMANHÃ: Hitchcock e o Voyeurismo

sexta-feira, 23 de abril de 2010

ROTEIRO DE GRAVAÇÃO

Iremos realizar a nossa gravação por partes, facilitando a vida de nossos atores e para que desta maneira consigamos agilizar o processo de gravação. Em seu livro “Cinema, O Mundo em Movimento”, Inácio Araújo mostra que os grandes filmes não são gravados em uma forma linear, como somos acostumados a ver na produção pronta, na realidade, a gravação é descontínua e apenas na edição algumas partes são juntadas. Dessa maneira, aprendemos muito com a leitura do autor, já que ao entender como pode-se facilitar um processo de gravação, você acaba diminuindo o seu trabalho e fazendo com que um ator amador, como nós seremos nessa gravação, possa gravar em sequencia e se ambientar mais facilmente ao que é pedido.


Exemplo prático em Janela Indiscreta: Ao gravamos uma cena dando ênfase na porta.

Precisamos da porta logo após o telefone tocar e posteriormente após Jeff esperar Thorw, as cenas são na mesma tomada mas não em sequencia, é muito mais simples e facilitador para nós gravamos a porta duas vezes seguidas, já que em uma ela está parada e na outra se movimenta, isso porque a cena será feita no mesmo local e com o mesmo plano e câmera, assim gravando seguidamente poupamos trabalho e locomoção de equipamentos. Essa é a lógica que Inácio Araujo nos passa e que tentaremos utilizar em nossa regravação, vamos ver quais serão os resultados.

Antes de mostrar um exemplo de nosso roteiro de gravação, vale lembrar que Alfred Hitchcock não tinha essa possibilidade em Festim Diabólico, ali era tudo seguidamente, sem as possibilidades tecnológicas que temos hoje, mais um dado que mostra a importância de Hitch na história do cinema.


Exemplo roteiro de Gravação

O número ao lado é o número da tomada da cena, exemplo 1- primeira tomada, 23- vigésima terceira tomada da cena, ou seja, algo que acontece no meio da cena...

PORTA

5-Plano geral / câmera subjetiva (Jeff) (porta do escritório) / (mais barulhos são ouvidos)

10-Detalhe (porta)

14-Plano geral da porta – Câmera subjetiva

16-Plano geral da porta com movimento leve para cima transformando em plano fechado no ator que adentra a sala. Câmera subjetiva (Jeff)

17-Plano conjunto de Jeff. Câmera subjetiva do ator que adentra o escritório.


Enfim, estes meios de facilitar nosso trabalho serão utilizados em nossa regravação, preparamos um roteiro prático completo para facilitar nosso trabalho no momento em que estivermos gravando.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

FESTIM DIABÓLICO, DE ALFRED HITCHCOCK


Festim Diabólico, produção gravada em 1948, é mais uma excepcional obra de Hitchcock. Mesmo com meus elogios ficando repetitivos, não tenho o direito de omitir o que penso após assistir um filme como este. O longa, assim como Janela Indiscreta, é gravado em apenas um cenário e tem como principal característica trazer a tona a mente insana de um psicopata, que é capaz de convencer pessoas de que é inocente, ou até então, fazer um jantar de despedida em cima do túmulo de sua vítima.


O filme é baseado em uma história real da morte de um adolescente de 14 anos, assassinado em 1924, após ser raptado por 2 de seus melhores amigos. No filme, Brandon (John Dall) e Phillip (Farley Granger), assassinam seu amigo Davie, pelo motivo banal de se considerarem superiores intelectualmente a ele. O crime é realizado na casa de Brandon, e de maneira psicopata o jovem marca uma janta, com a desculpa de ser a despedida de Phillip, tudo com a intenção de reunir em um mesmo ambiente o corpo da vitima e seus familiares. Para dar um clima ainda mais emocionante a sua trama, ele faz com que a janta seja servida exatamente onde está escondido o corpo de Davie. A arma do crime, uma corda, a presença da namorada, tudo contribui para um clima de suspense incrível, sendo sacramentado com a chegada do professor Ruper Cadell (James Stewart), que tem papel preponderante na história, uma vez que seus ensinamentos levam Brandon a planejar o crime e o professor também é, quem primeiro percebe a ideia diabólica de seu ex-aluno.


Festim Diabólico é uma das primeiras produções de Alfred Hitchcock e consegue de maneira maravilhosa deixar o espectador preso ao enredo, uma vez que, a qualquer momento o crime pode ser descoberto. O fato de familiares do morto estarem presentes, aliados a uma atuação maravilhosa de Dall e Granger, dão a produção um ar sinistro e dramático. O autor explora muito bem o lado psicopata de Brandon e o lado humano de Phillip, se isso for possível em um assassino, já que, enquanto o anfitrião quer fazer daquele momento do assassinato inesquecível, seu amigo não vê a hora do tormento chegar ao fim, nos dando a clara sensação, nas entrelinhas, de que só cometeu aquele crime porque foi persuadido por Brandon, o grande mentor de toda situação. Ainda assim, Hitchcock também nos mostra que mesmo o maior de todos os psicopatas, não consegue esconder por muito tempo o crime. O professor Ruper, percebe e tem a certeza do assassinato muito mais devido a dicas de Brandon do que de Phillip. Enfim, para terminar com chave de ouro, temos uma cena final maravilhosa em que por alguns instantes levantamos do sofá torcendo pela solução ou não do crime. Tudo isso, finalizado com uma crítica aos pseudo intelectuais que se julgam superiores a outros e apenas por isso cometem atos ilícitos como um assassinato. Ufa, quanta coisa a ser dita, calma respira, logo tem mais.


A técnica da produção ainda se mostra precária. O filme todo é gravado em um único estúdio, sem dispor de tecnologias. Em diversos momentos o movimento da câmera é tremido nos dando a sensação de que o cinegrafista sofria de Parkinson. Deixando a brincadeira de lado, Hitchcock consegue fazer milagres com o que lhe é disponível e mesmo com todas as dificuldades nos presenteia com uma obra prima, Festim Diabólico. Em alguns momentos, as pessoas são completamente ignoradas em cena, embora o dialogo siga rolando, tudo isso pq Alfred, no alto de sua esperteza, dá ênfase na mesa, afinal, ali embaixo estava guardada a grande prova do crime, e o público sabedor disso, fica atento e preso na telinha, esperando que naquele momento alguém abra ou descubra que ali estava o até então sumido Davie.


O filme é enriquecedor, uma experiência diferente. As duas últimas produções de Alfred que assisti me animaram demais, e me deram a certeza de que fizemos a escolha certa ao selecionarmos ele como nosso diretor. Assistindo suas obras primas, fugimos do cinema convencional e passamos a admirar produções que nos deixam ligados a detalhes que antes passavam batidos, como diálogos e expressões. Detalhes estes, deixados de lado em grandes produções hollywoodianas e seus milhares de efeitos especiais.


Portanto, só posso terminar, de uma maneira:

Obrigado por tudo, Alfred Hitchcock

quinta-feira, 8 de abril de 2010

JANELA INDISCRETA, DE ALFRED HITCHCOCK


Está é para mim à grande produção do Mestre Alfred Hitchcock. Um Corpo que cai é bacana, Psicose excelente, agora na minha modesta opinião, nada se compara a Janela Indiscreta, uma verdadeira obra prima do cinema. Neste filme, temos a belíssima atuação de James Stewart e Grace Kelly, um roteiro impecável e uma história sufocante capaz de te deixar vidrado nos acontecimentos durante todos os quase 120 minutos de exibição. Jeff, interpretado por Stewart, é um repórter incapacitado para trabalhar, desta maneira, ele passa a ficar o dia todo em sua janela observando o que acontece na vizinhança, pegando intimidade involuntária e passando a descobrir um pouco mais sobre seus vizinhos. Em determinado momento da história, passa a perceber atitudes estranhas de seus “objetos” de observação, em especial o casal Thorwald, culminando com o sumiço repentino da Senhora Thorwald, fazendo com que, apenas o marido permaneça no apartamento, o que gera desconfianças no repórter, trazendo a tona uma busca incessante para se solucionar o sumiço da esposa.

Esse filme é sensacional, por diversos aspectos. Primeiramente vemos um voyeurismo sendo tema de uma produção feita em 1955, quando nem se imaginava a possibilidade da realização de reality shows. Porém, já se mantinha enorme curiosidade sobre o que acontece na vida do vizinho, o que é claro de se perceber ao vermos que o ator principal chega a passar noites sem dormir, ou então cochila com o binóculo na mão, apenas para manter o exercício da observação. Também é notório nesse filme o clima de suspense causado pela distância em que vão acontecendo as cenas, que são vistas apenas pela janela de Jeff, assim, além de vc não ter certeza do que está ocorrendo, é preciso ficar ligado, pq a vista não é privilegiava, logo, cabe a vc buscar pequenos detalhes que ajudem a definir certas situações do filme. Por fim, o fato da história se desenrolar em praticamente 2 cenários é algo inovador, mas ainda assim, mesmo podendo se tornar algo enjoativo, todo o suspense e a espera pela solução do mistério, faz com q a pessoa nem note e nem sinta a necessidade de uma mudança de plano no decorrer da produção, coisas que só Alfred Hitchcock faz pra vc.


Em resumo, considero essa a grande obra da carreira de Hitchcock, não apenas pela belíssima história, mas por toda a inovação de fazer um filme completamente fora do que era comum na época. Ousar de maneira tão profunda levando as pessoas a refletirem sobre como por muitos momentos nos preocupamos mais com a vida do vizinho do que com a nossa. E ouso dizer, pq não, que Hitchcock em Janela Indiscreta fazia uma profecia sobre o que nos esperava no futuro, já que atualmente, nada rende mais ibope do que voyeurismo e reality shows.


Alguns filmes contemporâneos tiveram histórias baseadas e seguindo a linha de Janela Indiscreta, o principal exemplo é Paranóia de D. J. Caruso, história de um garoto cumprindo prisão domiciliar que obrigado a não sair de casa passa a investigar a vida de seus vizinhos e descobre situações misteriosas envolvendo um deles. Mesmo com toda a tecnologia interna e externa, Paranóia ainda fica muito atrás de todo o glamour e satisfação que Janela Indiscreta dá ao telespectador. Quem não viu veja, vale a pena.


Postado por: Luiz Henrique de Oliveira

MELHORES FILMES DE HITCHCOCK, DE ACORDO COM FÃS

Pois bem, mesmo sendo um cineasta com produções não contemporâneas, Alfred Hitchcock consegue ter e manter fãs que admiram seu trabalho. Estes inclusive realizam debates sobre suas produções em comunidades na Internet. Jovens, adultos, idosos, todos se reúnem em torno de um gosto em comum, os belos e lendários suspenses do cineasta inglês. Buscando descobrir o gosto dos fãs de Hitchcock e tentando fazer uma eleição de suas melhores produções, a equipe da Engel Cinema, foi até 2 comunidades no Orkut de Hitchcock, para trazer ao blog os resultados de algumas pesquisas feitas sobre temas como; qual a melhor produção de Alfred e qual tem mais explícito o elemento suspense. Segue abaixo o resultado das pesquisas mais votadas nestas 2 comunidades que possuem mais de 2 mil membros.


ENQUETE 1: QUAL O MELHOR FILME DE HITCHCOCK (221 VOTOS)


1° Psicose: 50

2° Um Corpo que Cai: 43

3° Janela Indiscreta: 34

4° Festim Diabólico: 24

5° Os Pássaros: 17


ENQUETE 2 QUAL O MELHOR FILME DE HITCHCOCK (291 VOTOS)


1° Psicose: 112

2° Janela Indiscreta: 70

3° Um Corpo que Cai: 69

4° Os Pássaros: 31

5° Festim Diabólico: 22


ENQUETE 3: EM QUAL FILME DE HITCHCOCK O ELEMENTO SUSPENSE É MAIS EXPLÍCITO (49 VOTOS)


1° Psicose: 17

2° Janela Indiscreta: 12

3° Os Pássaros: 9

4° Disque M para Matar: 8

5° Um Corpo que Cai: 5


Em resumo, vemos que Psicose, Janela Indiscreta e Corpo que Cai são as três produções mais lembradas pelos adeptos de Alfred. A primeira colocada não é surpresa, já que foi regravada e possui grande apelo midiático, já as outras duas produções, estão ali muito mais por méritos próprios e por serem filmes que valem a pena ser assistidos, não que Psicose não tenha seu valor, mto pelo contrário.