sexta-feira, 9 de abril de 2010

FESTIM DIABÓLICO, DE ALFRED HITCHCOCK


Festim Diabólico, produção gravada em 1948, é mais uma excepcional obra de Hitchcock. Mesmo com meus elogios ficando repetitivos, não tenho o direito de omitir o que penso após assistir um filme como este. O longa, assim como Janela Indiscreta, é gravado em apenas um cenário e tem como principal característica trazer a tona a mente insana de um psicopata, que é capaz de convencer pessoas de que é inocente, ou até então, fazer um jantar de despedida em cima do túmulo de sua vítima.


O filme é baseado em uma história real da morte de um adolescente de 14 anos, assassinado em 1924, após ser raptado por 2 de seus melhores amigos. No filme, Brandon (John Dall) e Phillip (Farley Granger), assassinam seu amigo Davie, pelo motivo banal de se considerarem superiores intelectualmente a ele. O crime é realizado na casa de Brandon, e de maneira psicopata o jovem marca uma janta, com a desculpa de ser a despedida de Phillip, tudo com a intenção de reunir em um mesmo ambiente o corpo da vitima e seus familiares. Para dar um clima ainda mais emocionante a sua trama, ele faz com que a janta seja servida exatamente onde está escondido o corpo de Davie. A arma do crime, uma corda, a presença da namorada, tudo contribui para um clima de suspense incrível, sendo sacramentado com a chegada do professor Ruper Cadell (James Stewart), que tem papel preponderante na história, uma vez que seus ensinamentos levam Brandon a planejar o crime e o professor também é, quem primeiro percebe a ideia diabólica de seu ex-aluno.


Festim Diabólico é uma das primeiras produções de Alfred Hitchcock e consegue de maneira maravilhosa deixar o espectador preso ao enredo, uma vez que, a qualquer momento o crime pode ser descoberto. O fato de familiares do morto estarem presentes, aliados a uma atuação maravilhosa de Dall e Granger, dão a produção um ar sinistro e dramático. O autor explora muito bem o lado psicopata de Brandon e o lado humano de Phillip, se isso for possível em um assassino, já que, enquanto o anfitrião quer fazer daquele momento do assassinato inesquecível, seu amigo não vê a hora do tormento chegar ao fim, nos dando a clara sensação, nas entrelinhas, de que só cometeu aquele crime porque foi persuadido por Brandon, o grande mentor de toda situação. Ainda assim, Hitchcock também nos mostra que mesmo o maior de todos os psicopatas, não consegue esconder por muito tempo o crime. O professor Ruper, percebe e tem a certeza do assassinato muito mais devido a dicas de Brandon do que de Phillip. Enfim, para terminar com chave de ouro, temos uma cena final maravilhosa em que por alguns instantes levantamos do sofá torcendo pela solução ou não do crime. Tudo isso, finalizado com uma crítica aos pseudo intelectuais que se julgam superiores a outros e apenas por isso cometem atos ilícitos como um assassinato. Ufa, quanta coisa a ser dita, calma respira, logo tem mais.


A técnica da produção ainda se mostra precária. O filme todo é gravado em um único estúdio, sem dispor de tecnologias. Em diversos momentos o movimento da câmera é tremido nos dando a sensação de que o cinegrafista sofria de Parkinson. Deixando a brincadeira de lado, Hitchcock consegue fazer milagres com o que lhe é disponível e mesmo com todas as dificuldades nos presenteia com uma obra prima, Festim Diabólico. Em alguns momentos, as pessoas são completamente ignoradas em cena, embora o dialogo siga rolando, tudo isso pq Alfred, no alto de sua esperteza, dá ênfase na mesa, afinal, ali embaixo estava guardada a grande prova do crime, e o público sabedor disso, fica atento e preso na telinha, esperando que naquele momento alguém abra ou descubra que ali estava o até então sumido Davie.


O filme é enriquecedor, uma experiência diferente. As duas últimas produções de Alfred que assisti me animaram demais, e me deram a certeza de que fizemos a escolha certa ao selecionarmos ele como nosso diretor. Assistindo suas obras primas, fugimos do cinema convencional e passamos a admirar produções que nos deixam ligados a detalhes que antes passavam batidos, como diálogos e expressões. Detalhes estes, deixados de lado em grandes produções hollywoodianas e seus milhares de efeitos especiais.


Portanto, só posso terminar, de uma maneira:

Obrigado por tudo, Alfred Hitchcock

2 comentários:

  1. legal, está sendo um belo estudo do hitch. mas e os colegas?

    do festim - um aspecto sempre destacado é o recurso do plano sequencia. no caso, um falso plano-sequencia.

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  2. Professora, todos estão assistindo....Assim que consigo o filme repassado na sala a todos e inclusive juntos alugamos as produções....No blog posto minhas opiniões, pelo fato de ser o responsável por isso mesmo...

    Valeu

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