sexta-feira, 25 de junho de 2010

A GRAVAÇÃO

No dia 16 de junho de 2010, a Engel Cinema realizou a gravação de sua cena, com base no neo-realismo, que fazia parte do filme coletivo da turma de Jornalismo do 5º período da PUC-PR. Tomamos a decisão de escolher uma situação em que ficasse claro algumas características do neo-realismo, como por exemplo: a questão da mostra da realidade envolvendo a história dos atores, a utilização de atores não profissionais, e uma linguagem mais simples, feita para trazer uma critica social embutida dentro dela. Tivemos dentro dessa produção, pontos positivos e negativos, que serão relatados logo abaixo, esperamos que assim, possamos aprender com os erros e melhorar ainda mais no futuro, não os repetindo.




PONTOS POSITIVOS



-Atrizes: As 2 atrizes, Emanuelle e Daniela, tiveram boa participação durante a realização das filmagens. Ambas decoraram bem o texto, entenderam a situação da cena e conseguiram não se desconcentrar com as buzinadas e “tiração” de sarro dos motoristas que passavam perto do local. Aliás, ficou comprovado q hj seria mto mais difícil de gravar um filme neo-realista, não é fácil controlar uma multidão em polvorosa e que não pode ver uma câmera.



-Atitude do “atordoado” Tarek Omar: Em dado momento das gravações, Tarek Omar, interpretando o papel do mendigo, resolve embarcar no personagem e primeiramente brincando, começa a pedir esmola na rua a quem por ali passava. A brincadeira começou a se tornar séria e então gravamos estas situações de Tarek com os “atores não profissionais”. A mistura acabou dando certo e conseguimos sem querer, boas cenas que foram utilizadas dentro do filme, justamente pq, aquela era uma realidade que nos cerca, uma realidade ali forçada, mas não a ponto de ser enganosa, uma vez que os pedestres não sabiam que aquilo estava sendo filmado, já que ao lado do mendigo, ocorria a gravação de nossa cena.



-História: Apesar das falhas técnicas que serão aprofundadas nos pontos negativos, conseguimos um bom nível no que diz respeito à história que gostaríamos de passar ao nosso público. Existiram nela características do neo-realismo, como a critica a uma sociedade que julga pela aparência, dentre outras coisas. Aliado a isso, ficou evidente uma lição de moral a aqueles que julgam, mais não aceitam ser julgados. Nesse sentido, acredito que conseguimos atingir nossos objetivos.




PONTOS NEGATIVOS



-Trabalhar a trilha sonora: Por falta de tempo no estúdio e também devido a uma crise de inspiração, não utilizamos recursos técnicos com som para engrandecer a obra e dar um teor ainda mais neo-realista em determinadas cenas. As participações do mendigo, que por problemas técnicos estavam sem som, deveriam ter sido cobertas com uma trilha que se correlacionasse ao acontecimento e o tornasse característico daquela tomada. Foi um erro grave em meu modo de ver.



-Erros na divisão de tarefas: O grupo ainda precisa definir melhor o que cada um faz. Não se pode deixar sobrar tudo apenas para uma pessoa, ás vezes, vai de cada saber que não está fazendo nada e precisa ajudar. Por outro lado, cabe ao coordenador da agencia dividir melhor as tarefas e transmitir aos seus “subordinados”, o que devem fazer. Trabalhando em conjunto e com cada um tendo sua posição definida, fica mais fácil realizar um bom trabalho. Quem sabe se tivesse sido feito dessa maneira, mtos dos erros que tivemos não teriam acontecido.



Falta de concentração: Cito: As vozes de fundo que atrapalharam algumas cenas, detalhes de continuidade que passaram despercebidos, enfim, faltou foco. Acredito que só errando a equipe irá conseguir aprender a melhorar nesse sentido.



O Local: Poderíamos ter conseguido imagens melhores e com detalhes mais evidentes que nos remetessem ao neo-realimo. Na realidade, conseguimos fazer o que podíamos no local em que gravamos, faltou então ter realizado a produção em um outro perímetro que nos desse um enfoque maior a cena e transmitisse melhor toda a situação que os personagens estavam vivendo.




É isso, foram apresentadas aqui, apenas algumas reflexões que podem servir de base para que futuros erros não se repitam, em suma, toda a equipe fez o que pode e não demonstrou corpo mole perante o que era pedido. Faltou uma melhor organização e mais feeling de alguns membros da equipe, para que percebessem que poderiam ter ajudado em determinadas situações que não lhes cabiam, mas que eram interessantes e necessárias.




Luiz Henrique de Oliveira

Coordenador Engel Cinema

quinta-feira, 17 de junho de 2010

CARACTERÍSTICAS NEOREALISMO - LADRÕES DE BICICLETA -

Quais são os detalhes presentes em Ladrões de Bicicleta que tornam evidente o que é o neo-realismo e como ele passa a influenciar a história do cinema? Vamos a eles:



Questão Social: Uma Itália sofrida, quase nas ruínas. com problemas sociais evidentes e claros. Isso é mostrado por diversas vezes na produção, principalmente no início quando é evidenciada toda a dificuldade dos cidadãos em conseguirem um emprego. Além disso, o autor demonstra sempre a intenção de focar nessas multidões pobres e sofridas, seja com estas se divertindo ou então realizando seus prazeres com pouca coisa, já que era apenas isso que podiam ter naquele período.




Consequências da Guerra: É mostrado em alguns momentos imagens de uma Itália em busca de sua reconstrução, além disso, por diversos momentos alguns figurantes comentam e falam sobre a guerra. É engraçado notar que o protagonista não fala sobre o tema, quem realmente toca no assunto são outros pessoas, quem sabe seja uma escolha do autor, para não evidenciar tanto a questão, mas mostrar pelas entrelinhas como ela influenciou em todo o contexto.



Temas do Cotidiano: Diversas cenas retratam o dia a dia dos italianos e mostram as consequências da guerra dentro de uma família, situações que todos passavam no período, mas apenas viam e refletiam com o filme, podendo ir a fundo e ver que o problema estava generalizado. O próprio roubo da bicicleta entra nisso, é feito quando o protagonista está trabalhando e a maioria dos civis nem se preocupam com o furto, parecendo estarem acostumados com aquilo. E assim vai sendo durante toda a produção, a ida a um restaurante, o dia do jogo, enfim, temas do cotidiano sendo os responsáveis pelo desenrolar da história.




Anti-Estúdio: A maioria das cenas são feitas ao ar livre, poucas são realizadas em ambientes fechados. Característica marcante do neo-realismo e evidenciada nesse filme.




Coletividade: Entra nas questões sociais, embora o filme também foque na história do personagem, o tema dele está totalmente ligado a coletividade e ao momento vivido pelos indivíduos desta. Ele é apenas um exemplo dentro da multidão, escolhido para trazer a tona toda a problemática existente no período.


quinta-feira, 3 de junho de 2010

Ladrões de Bicicleta, Vittorio de Sica 1948


Ladrões de Bicicleta é um dos mais aclamados filmes do Neo-Realismo Italiano, período, que como vimos anteriomente no blog, contava histórias de consequência da guerra que acabava de ter chego ao fim, no meio dos anos 40. O filme é uma obra de Vittorio de Sica e foi lançado em 1948. A história se baseia no desempregado Antonio Ricci, que em meio a uma sociedade italiana caótica com o fim da segunda guerra mundial, acaba arranjando um emprego no qual era dependente do uso de uma bicicleta para se locomover, e conseguir assim, colar os cartazes que garantiriam seu ganha pão. O emprego seria algo de grande valor para Antonio, uma vez que em seus cálculos, lucraria uma bom dinheiro, porém, havia um problema que acaba sendo fundamental no desenrolar da trama: Antonio não tinha uma bicicleta e como não podia deixar de aceitar esse emprego, já que a lista de espera era enorme, como notamos na primeira cena do filme, ele acaba tendo que mentir, afirmando que tinha o meio de locomoção. Para conseguir a bicicleta, ele vai para sua casa onde ao lado de sua esposa Maria, vende alguns de seus pertences para poder comprar o objeto. Nesse inicio de produção, já conseguimos notar diversas características do neo-realismo, a primeira é uma Itália em ruínas com diversos problemas de ordem social, a segunda é o enfoque na simplicidade das cenas, sempre com uma multidão de pessoas em praticamente todas as tomadas e com um fundo musical presente, seja com trilhas que aumentassem a dramaticidade da situação, ou com vozes, em momentos que o protagonista estava no meio das multidões, aumentando a realidade e nos inserindo no contexto, mesmo com o espectador não estando lá de corpo presente.


Feliz com a bicicleta e conseguindo iniciar sua carreira como colador de cartaz, é possível começar a presenciar como era o dia a dia de Antonio em sua casa, e o carinho dele para com seu filho Bruno. Abrindo um parêntese, no percurso de pai e filho até o trabalho, é impossível não relembrar de “A vida é Bela”, de Roberto Begnini, filme vencedor de Oscar e com vários traços do neo-realismo. Voltando a Ladrões de Bicicletas, em um destes dias, Antonio acaba tendo sua bicicleta roubada, o que joga no lixo toda sua possibilidade de crescer na vida e isso acaba levando o filme a um novo rumo, como veremos nos próximos parágrafos. O interessante é que o autor frisa na importância dessa bicicleta, fazendo uma crítica a sociedade de consumo, e porque não, ao futuro dos trabalhadores, mostrando que um instrumento de locomoção era mais importante do que a própria presença de Antonio, assim como acaba sendo atualmente na relação pessoas/computadores.


Desesperado atrás da bicicleta, Antonio e seu filho Bruno, companheiro inseparável, saem à caça do objeto furtado. Notamos o descaso da policia italiana com relação ao roubo de um mero trabalhador endividado, também vemos diversas críticas a uma sociedade na qual as pessoas são julgadas pela aparência, isso ocorre quando pai e filho vão a uma pizzaria e acabam sendo malvistos pelos frequentadores do local. Também podemos perceber em diversas situações, um andar cabisbaixo e até em alguns momentos “corcundas” de Antonio e Maria, que certamente visam demonstrar uma inferioridade deles diante dos demais figurantes, isso devido à situação calamitosa em que viviam e aos julgamentos que sofriam. Mesmo tendo bastante ênfase na multidão e fazendo uma crítica a sociedade italiana e ao momento em que o país vivia, o filme também foca suas atenções para as relações pessoais do protagonista, em especial com seu filho, como no momento em que ele o agride e depois se arrepende, quando pensa que o menino estava sendo afogado. Mas, ainda assim estas relações estão sempre presentes em meio ao contexto social, e não acabam sendo banalidades dentro do filme, elas estão ocorrendo devido a todo o sistema e todos os problemas que os personagens vinham passando, Antonio só deu um tapa em Bruno pelo “stress” da situação do roubo da bicicleta, aliado a angustia na busca por encontrá-la.


Desistindo de encontrar seu meio de locomoção, Antonio Ricci toma uma atitude drástica, que acaba deixando quem assiste apreensivo, principalmente pela trilha sonora dramática inserida na situação. Ricci para tentar salvar sua vida e deixar de ser um miserável, se vende ao sistema, e busca uma solução mais fácil, tentando roubar uma bicicleta de outra pessoa. O que nos leva a pensar: será que o primeiro ladrão não roubou devido a estar vivendo uma situação complicada, assim como Antonio? Mas, diferente do que aconteceu com o primeiro ladrão, agora o protagonista acaba se dando mal, e é imobilizado pela multidão, ela mesma, sempre presente no filme. Quando você está puto, emocionado e triste ao ver que tudo dá errado com aquele cidadão, Bruno aparece chorando e desesperado atrás do pai, fazendo com que o homem lesado resolva soltar Antonio, dando uma última chance para o agora desempregado, isso é um final feliz? Não, mas o diretor nos mostra que o que é ruim, poderia ser ainda pior e esse era a sociedade do pós guerra na Itália, queiramos ou não.


E assim termina essa belíssima produção, um filme profundo, com várias críticas ao momento vivido na Itália, com apelo sentimental, enfim, uma obra que exemplifica bem, o que foi e quais eram as características principais do neo-realismo italiano. Em um próximo post, esmiuçarei características desta escola e quando elas estão presentes no filme, para que assim, a Engel Cinema, consiga focar e buscar uma produção que siga a mesma linha dessa importante escola do cinema mundial.

Autor: Luiz Henrique de Oliveira

sexta-feira, 28 de maio de 2010

ALGUMAS PRODUÇÕES DO NEO-REALISMO ITALIANO

Ossessione, 1942, Luchino Visconti

Uma das primeiras obras do neo-realismo que acabou sendo implacavelmente perseguida pelas autoridades, sendo censurada e praticamente destruída. No final da guerra, não havia disponíveis cópias do filme, a perseguição se deveu pela critica aos rumos que a Itália vinha tomando que eram evidenciados na produção.


Roma, Cidade Aberta 1945 Roberto Rosselini

Essa obra marca o surgimento do cinema que tratava da situação social rural e urbana que acontecia na Itália com o fim da segunda guerra mundial. Como o público alvo era as classes menos favorecidas, o autor adotava uma linguagem simples e sem muita complexidade, que veio a se tornar característica do neo-realismo. O filme possui imagens clandestinas registradas durante o período de guerra, que fazem das pessoas comuns atores da produção.


Paisà 1946 Roberto Rosselini

Outro filme com características neo-realista em que o autor busca explorar o contato entre o povo americano e italiano, visando fazer uma apologia à liberdade e mostrar a importância da luta pela igualdade entre classes e povos.


Ladrões de Bicicleta Vittorio de Sica 1948

Mais um filme que tratava de questões da realidade, mostrando o que acontecia com o “povão”, também é um marco pela utilização na produção de atores não profissionais.